A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado. Mas quando esses comportamentos e pensamentos pessimistas podem se tornar um problema?
Os pensamentos pessimistas são muito comuns em situações de estresse, após um evento preocupante ou durante crises pessoais: como fins de relacionamento, brigas, a perda de um trabalho etc. Se eles forem recorrentes, durante um período de aproximadamente 6 meses, no entanto, podem ser sintoma ou mesmo engatilhar algum quadro clínico, sendo indicado a busca de ajuda médica e/ou psicológica.
A persistência de sentimentos de desolação e a sensação de que “tudo vai dar errado” não fazem parte de uma rotina mental saudável. Pessoas pessimistas tendem a achar que determinadas atitudes não fazem sentido e podem, por exemplo, deixar de investir em possibilidades profissionais ou em relações. O medo da rejeição, a ideia de não-pertencimento, além da baixa autoestima podem caminhar ao lado de um pessimista. Alguns transtornos de ordem mental também podem ter influência direta sobre a qualidade dos pensamentos de um indivíduo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que cerca de 3,6% da população mundial é acometida do transtorno de depressão (cerca de mais de 300 milhões de pessoas). Sendo considerada a segunda maior causa de morte entre pessoas com idade de 15 a 29 anos. Os indivíduos depressivos podem manifestar uma série de sintomas, podendo estes ser divididos entre: cognitivos, fisiológicos e comportamentais.
Sintomas cognitivos:
Humor deprimido: desânimo persistente, tristeza, baixa autoestima, sentimentos de inutilidade, vazio, culpa ou/e irritabilidade, angústia;
Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, antes consideradas como agradáveis;
Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar, memorizar ou de tomar decisões; pensamentos pessimistas, medo do futuro;
Ideação suicida.
Sintomas fisiológicos:
Fadiga ou sensação de perda de energia;
Alterações do sono (mais frequentemente insônia, podendo ocorrer também sonolência excessiva ou sono interrompido);
Alterações do apetite (mais comumente perda do apetite, podendo ocorrer também aumento do apetite);
Redução do interesse e prazer sexual;
Agitação motora, inquietude;
Alterações dos ritmos circadianos (dormir fora de hora).
Sintomas comportamentais:
Retraimento e social (isolamento social) ou dificuldade de socialização;
Chorar mais e com mais frequência;
Comportamentos suicidas;
Retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou agitação psicomotora;
Tentativa de suicídio;
Comportamento autodestrutivo (automutilação).
Com o excesso de estímulo particular de nossos dias, aliado às cobranças do mercado de trabalho, não é incomum que pessoas depressivas também desenvolvam distúrbios de ansiedade. Evidências neurobiológicas mostram uma forte relação entre depressão com transtornos de ansiedade. Aproximadamente 85% dos pacientes com depressão têm sintomas de ansiedade significativos e 90% dos pacientes com transtornos de ansiedade experienciam depressão em algum momento.
Infelizmente quando a gente normaliza comportamentos negativos e muitas vezes de fadiga por conta da rotina que hoje em dia está cada vez mais atribulada, podemos estar mascarando a doença. Quantas pessoas que você conhece, ou mesmo você, que apresentam pelo menos 3 dos sintomas citados acima por anos? São pessoas com pensamentos pessimistas, negativas, que reclamam de tudo, irritadas, com mau humor, angustiadas, e a gente simplesmente ignora, convivendo com isso, normalizando esses comportamentos, afinal, a desculpa está na correria ou nas dificuldades da vida. Normalizamos de forma inconsciente o sofrimento, como se ele tivesse que fazer parte da nossa vida constantemente, afinal, para nós brasileiros, isso é comum.
Falando nas dificuldades, as causas da depressão são inúmeras e controversas. Acredita-se que a genética, alimentação, stress, estilo de vida, rejeição, problemas na escola, uma mudança de cidade, o luto sofrido com a perda de um ente querido e outros fatores, estão relacionados com o surgimento ou agravamento da doença. Assim como, o uso de medicamentos como betabloqueadores, benzodiazepínicos, corticosteroides, anti-histamínicos, analgésicos e antiparkinsonianos podem causar depressão, bem como a retirada de qualquer medicação utilizada a longo prazo. Vários estudos científicos têm encontrado correlações estatísticas entre alguns defensivos agrícolas e depressão.
Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos. Ao contrário do que normalmente se pensa, os fatores psicológicos e sociais muitas vezes são consequência e não causa da depressão. Vale ressaltar que o estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que provavelmente é genética. A prevalência (número de casos numa população) da depressão é estimada em 19%, o que significa que aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresentam o problema em algum momento da vida.
Os sinais mais comuns e que normalmente são camuflados podem se manifestar por meio de cansaço, fadiga, autoestima baixa, indecisão e pessimismo exagerado como citei anteriormente. Nesses casos, o fato de a gente achar que consegue ser funcional e realizar normalmente nossas atividades, mesmo sendo mais dificultosa, com mais esforço, ou seja, acreditando que é natural esse sofrimento, porém sendo ele persistente, podemos sem querer estar mascarando a Distimia, que é considerado uma depressão leve, pelo simples fato de acharmos normais sermos pessimistas e reclamões. Afinal, você, eu, nós, não temos a incapacidade de exercer as atividades, apenas acreditamos que ser árduo e difícil, é natural. Só que não!
Por isso, apesar de infelizmente a busca pela saúde mental ainda ser um tabu, se você se percebe com esses comportamentos ou sintomas por um longo período, anos, ou conhece alguém assim, busque ajuda psicológica e ou médica (psiquiatra). O diagnóstico somente pode ser dado pelo psiquiatra. O tratamento médico associado a psicoterapia, mesmo levando alguns meses ou anos, te dará a leveza e a qualidade de vida que você precisa.
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