Antes de iniciarmos uma explicação sobre o que é o método psicanalítico, vale ressaltar a importância que a psicoterapia tem em nossas vidas. É através dela que obteremos recursos para lidar com as dificuldades existentes no dia a dia, nos âmbitos conjugal, familiar e profissional, além de transtornos psicopatológicos, crises existenciais, problemas de transição entre as fases da nossa vida etc. Será através da psicoterapia que o paciente irá em busca do seu crescimento pessoal, da autoconsciência e autoconhecimento, tendo como papel principal fazer com que o paciente se compreenda, altere seus padrões e seu ponto de vista para que siga com sua vida de forma mais leve.
É aí que entra a psicanálise como um método terapêutico que consiste em dois conceitos principais: o papel central da sexualidade, que se origina na vida infantil; e o inconsciente. O método psicanalítico tem como base a utilização da técnica denominada por Freud de associação livre, em que o paciente ao associar livremente suas ideias, no decorrer do tratamento vai superando as suas resistências e, deste modo, os conteúdos do inconsciente são trazidos para a consciência.
Para Freud a mola principal da Psicanálise, é a transferência, que pode ser positiva ou negativa. A transferência é, então, a “permissão” que o analisando concede para que o analista esteja imerso na rede de significados do analisando, permitindo ao analista indagar e propor interpretações. A construção designa a atividade do analista de completar aquilo que foi esquecido a partir dos traços que foram deixados pelo paciente. A interpretação indica o desejo.
O método psicanalítico tem como principal objetivo identificar e remover a causa. O método busca, assim, evidenciar as relações entre a causa e a consequência. Embora a psicanálise não incida só sobre a raiz do problema, ela também faz o paciente refletir as consequências, ou seja, a forma de ver os sintomas. A causa, portanto, é tudo aquilo que foi recalcado e reprimido pela mente inconsciente; já a consequência são os sintomas ou os incômodos que o paciente relata.
E quais são esses sintomas ou incômodos que o paciente relata e que podem ser tratados pela psicanálise? A psicanálise pode atuar em vários desses sintomas e/ou problemas, como por exemplo:
- no tratamento de vários transtornos psicológicos como pânico, fobias, depressão, anorexia, bulimia, frigidez, impotência, ansiedade etc.;
- resolução de conflitos pessoais, interpessoais, conjugais, familiares, profissionais etc.
- elaboração de crises existenciais, transições difíceis (luto, crises profissionais etc.) e mudanças de fases de vida (puberdade, adolescência, vida adulta, menopausa, envelhecimento etc.)
- desenvolvimento da capacidade de autogerenciamento, da capacidade de lidar com os efeitos do estresse, dialogando com os sentimentos e os desafios e problemas que a vida apresenta.
- aquisição de autoconhecimento, aprendizado, reflexão e descoberta de novos modos pessoais de conduzir a própria vida.
- fortalecimento psicológico para lidar com todos os tipos de doenças.
- amadurecimento pessoal.
- traumas, abusos.
O objetivo da psicoterapia é uma compreensão do ser humano através da aplicação prática do conhecimento psicológico para transformação da vida humana e superação do sofrimento.
Hoje as pessoas buscam resultados rápidos, porém elas não compreendem que para superação de qualquer sofrimento se faz necessário um acompanhamento, um processo e que precisa de tempo. Afinal, no meio desse processo terapêutico existem muitas questões envolvidas e que atrapalham o processo, como por exemplo os mecanismos de defesa do paciente, que fará com que ele se desvie do caminho para chegarmos na ferida e tratá-la pelo simples fato dele ainda não estar preparado para lidar com ela.
No meio desse caminho, primeiramente deverá o psicanalista analisar através da entrevista inicial se ele deseja seguir com o paciente. Sim, o analista irá analisar se faz sentido para ele atender aquela demanda. Após, ele observar que consegue seguir com o sintoma inicialmente trazido, o próximo passo é a identificação do paciente/analisando com o analista. Sem haver isso, dificilmente o analisando irá permitir o tratamento. Mesmo havendo essa identificação, como falei anteriormente, algumas defesas do ego surgirão, entre elas a resistência.
Portanto, resultados significativos irão variar de pessoa a pessoa, caso a caso, e poderão ocorrer em torno de 3 a 12 meses. Porém, em alguns processos mais profundos, que demandam um trabalho terapêutico mais demorado, geralmente com problemática psicopatológica mais severa, envolvendo traumas precoces, desorganização psicológica, problemas vinculares sérios etc., estes casos podem demandar anos de trabalho árduo, levando seu encerramento satisfatório em prazos não inferiores a 3 anos. Em alguns casos, os analisandos gostam de manter a análise durante toda a vida.
O que precisa ser entendido, que independente do tempo que cada um irá levar, a partir do momento que se inicia o processo terapêutico, os resultados são obtidos, uma vez que a psicoterapia age na transformação do funcionamento cerebral. Existem pesquisas que comprovam esse efeito. Não precisamos ir muito longe, não é! Quando pelo simples fato de conversarmos com amigos, familiares etc., já nos sentimos melhor.
Uma das razões pela qual a psicoterapia funciona é essa. A partir do momento que se divide um problema com alguém, esse problema já se torna mais leve para carregar. Já será um “meio-problema”. Quando o compartilha, ajuda a aliviar a carga emocional e o sofrimento.
Outra razão pela qual se deve procurar ajuda é que é muito mais fácil superar muitas dores através de um vínculo de respeito, compreensão e apoio do que sozinho. O psicoterapeuta terá conhecimento de técnicas e ferramentas para auxiliar na compreensão do que ocorre como analisando e o fará refletir sobre a sua própria vida. Será o papel do psicoterapeuta ajudar nesse caminho cheio de dores emocionais e sofrimento para a transformação e melhora do paciente.
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