Por que em pleno século XXI falar sobre sexo ainda é um tabu?
Há algumas décadas as mulheres iniciaram uma verdadeira “revolução” para poder desfrutar livremente o direito da sua sexualidade e mesmo assim quando se trata do prazer feminino, esse assunto ainda é um tabu.
Na realidade falar de sexo hoje em dia é uma limitação para muitos. Tanto para homens, por conta do machismo quanto para as mulheres que sofrem pelo machismo, tabus e crenças.
Algumas mulheres têm dificuldade de compreender que seus instintos sexuais são algo natural e os reprimem ao invés de desfrutá-los plenamente.
Mas de onde vem os Tabus afinal?
Todo o tabu e a dificuldade de lidar e falar sobre sexo está ligada a toda a história do sexo e cultura que se dá desde a antiguidade.
Nessa época, a mulher era valorizada, e até mesmo sagrada e havia uma veneração das partes sexuais femininas nos cultos de fertilização. Inclusive era considerada a responsável pelos bons resultados na agricultura, onde a semeadura era feita por ela e se ela estivesse grávida, acreditavam ter ainda melhores resultados.
Mas a partir de 5000 A.C a sociedade deixa de ser matriarcal e passa a ser patriarcal. A mulher é colocada em um lugar de submissão. De sagrada detentora do poder de gerar a vida, passa a ser posse do homem.
Na antiguidade, há contextos sexuais muito interessantes que merecem descrição por permitir exercícios de reflexão que os ajudam a compreender a formação do pensamento sexual até os dias de hoje.
Tabu e Crenças
Podemos assim dizer que, o tabu, as travas, as crenças limitantes, o medo de se tocar, de não tratar com naturalidade algo que deveria ser natural, o sexo, vem desde essa época, quando a figura feminina deixou de ser vista como detentora do poder.
Vale ressaltar que a representação social da sexualidade foi construída, vivenciada e apresentada de acordo com a cultura, a época e as ideologias. Onde cada construção é uma mostra de comportamentos, costumes, valores e atitudes sexuais que são distintos de época para época, de povo para povo que alterna movimentos de mais repressão ou mais liberdade.
Como a Igreja Católica influenciou no tabu?
A igreja católica teve grande influência na normatização e imposição de regras e junto com a ciência distorceu a visão sobre a sexualidade, como algo doente, como pecado, desse modo em 1822 essa liberdade sexual passa a ser combatida.
Bom, mas nos anos de 1960, surge a revolução sexual. Surge um movimento hippie, movimento de paz e amor que questionavam a guerra.
Em 1960 surge a pílula, em 1980 surge o primeiro caso da AIDS e a partir daí inicia-se discussões sobre ter cuidado, de ter relação sexual segura.
No século XX, nas décadas de 70 e 80, inicia-se todo um preparo sobre esse tema sexualidade e nas décadas de 90 e 2000 surgem grupos de pesquisas e a partir daí que temos uma sociedade que começa a compreender as diferenças, a liberdade, os direitos e a diversidade sexual. Parece que estamos evoluindo!
O início do Conservadorismo
Mas o Vitorianismo (valores “puritanos”), que na época, eram tidos como valores, a poupança, a dedicação ao trabalho, a defesa da moral, os deveres da fé e o descanso dominical. Os homens dominavam, tanto em espaços públicos, como em privado e as mulheres deviam ser submissas e dedicar-se em exclusivo à manutenção do lar e à educação dos filhos, tem muita influência ainda no século XX.
Em 2010 e 2012 surge um movimento conservador e em 2014 a 2015 há um retorno à repressão sexual. O maior movimento de repressão sexual se deu na idade média, no século XIX e estamos agora falando do século XXI, é isso mesmo, a pouquíssimos anos atrás e o que se vê é: repressão sexual, conservadorismo, ou seja, na minha opinião estamos regredindo nessas questões, ao invés de evoluirmos e tratarmos o sexo como algo natural, estamos tratando ele como um tabu.
Sexualidade é uma construção cultural!
A sexualidade é uma construção cultural que se inicia a partir de ensinamentos desde a infância, das vivências, das percepções, dos valores, das crenças, mitos e dos preconceitos. Para nós brasileiros, somos frutos de 500 anos de história onde se mistura a cultura indígena, portuguesa e africana. É daí que vem a nossa cultura sexual brasileira.
Na minha percepção essa construção sexual ainda não acabou, ela na realidade não foi construída de fato, pois não existe a homogeneidade, infelizmente.
É notável que aqui no Brasil passamos por esses momentos de liberdade sexual, representado muito nos grupos indígenas, onde a poligamia nas colônias era recorrente. Para os índios existia uma liberdade sexual.
Conservadorismo ainda fala mais alto.
Porém, como citei anteriormente, ainda em 2010 a 2012 surge um movimento conservador e em 2014 a 2016 há um retorno à repressão sexual e chegamos em 2018 com um alto índice desse conservadorismo, repressão, discriminação e desrespeito às igualdades.
Então, infelizmente vejo um retrocesso total, mas que um dia, há de acabar e o respeito às diferenças prevalecer.
Faz todo o sentido o porquê é tão difícil tratar o sexo, a sexualidade como algo natural! Afinal, em pleno século XXI tratamos o sexo como um tabu por conta do conservadorismo, das crenças religiosas.
Não tem como falar com naturalidade de algo que até hoje ainda há preconceitos e tabus. Portanto, é compreensível sim que se tenha dificuldades ou conheça pessoas que tenham dificuldades de falar sobre sexo ou até mesmo fazê-lo por prazer.
Aceitar que o sexo não é somente para procriar e sim também para o prazer, é fundamental para a libertação sexual. Isso que precisamos mudar, que prazer não é pecado. Pecado é não se permitir ser feliz!
Então, se liberte, desfrute de todo o prazer que o seu corpo é capaz de lhe dar, seja sozinha ou a dois.
Gostou?
Compartilha!
0 Comentários